miércoles, 19 de julio de 2017

Autor de la primera colección de poemas-AI publicados en China

Autor de la primera colección de poemas-AI publicados en China - CRI Online





AI de Microsoft ha publicado el primer poemario escrito por una IA. Los poemas fueron publicados el 19 de mayo por Saludos editorial con sede en Beijing, que afirmó que el libro es el primero escrito por un AI en la historia humana.
La IA, llamado Xiaoice (literalmente: "Microsoft poco de hielo"), escribió más de 10.000 poemas de 2.760 horas. De ellos, 139 se seleccionaron para la recopilación, titulada “Sol Misses de Windows.” El libro tiene 10 capítulos, cada uno destacando una emoción humana como la soledad, la anticipación o la alegría.
La IA previamente estudiado todos los poemas modernos de unos 519 poetas que datan de la década de 1920. Para un escritor humano que pasar por dicha preparación intensiva y estudio, se necesitarían unos 100 años.
Desde febrero, la IA ha sido la publicación de sus poemas en varios foros online menores de 27 alias. Pocas personas han conjeturado que las palabras fueron escritas por un robot.
“Cada vez que ve una imagen, que se inspira y crea poemas modernos. El proceso es básicamente el mismo que para un poeta real “, dijo Dong Huan, el productor principal del libro. Dong añadió que la colección mantuvo todo el texto original, incluyendo los errores producidos por pequeños Xiaoice, informó Yangtze Evening News.
“Puede quedarse atrás en algunos aspectos, lo mismo que cualquier poeta sin experiencia. Algunos poemas, incluso puede sonar repetitivo. Queremos dar a conocer a nuestros lectores con el 100 por ciento auténtica salida de AI “, dijo Dong.
Xiaoice escribe con una elección de estilo y palabra única, señaló Li Di, un creador de la AI. Li añadió que Xiaoice tiene un sistema completo sentido artificial, desde visual de audio. La IA es una charla-bot avanzado desarrollado por Microsoft. Ahora está disponible en 14 plataformas de redes sociales nacionales e internacionales con más de 20 millones de usuarios.
Shen Xiangyang, senior vicepresidente mundial de Microsoft, dijo que la compañía estableció un programa hace tres años en el marco de la computación efectiva. Es por esto que el proyecto Xiaoice miraba hacia un nuevo sistema de inteligencia artificial basado en EQ, que le ha permitido superar a las expectativas originales.
Shen destacó que Xiaoice es incesantemente creativa, y su estudio constante de las colecciones de famosos poetas son un recurso esencial para sus propias creaciones, según Yangtze Evening News.
Mientras tanto, varios poetas han insistido en que una máquina no puede sustituir a un ser humano en este campo, ya que no puede escribir con la necesaria “espíritu”. Más bien, argumentan, AI poesía es un producto de poner mecánicamente las palabras en un orden determinado, que carece de verdadera emoción. 

domingo, 16 de julio de 2017

la mas literaria y magnifica cata de vinos entre dos genios de la pantalla





Una de las  escenas inolvidables del cine:  una cata de vinos, entre dos genios del cine.

En El Gato Negro, de Roger Corman. En recuerdo de mi compadre.

Memorable escena de la cata de vinos con Fortunato Lucresi (Peter Lorre) y Montresor Herringbone (Vincent Price) en el corto "El Gato Negro" (1962) de Roger Corman basado en el relato de Edgar Allan Poe.


martes, 13 de junio de 2017

Maoísmos e cultura popular, experiência portuguesa, repertórios e discursos (1972 - 1975), breves considerações, por Soraia Simões — Mural Sonoro

Maoísmos e cultura popular, experiência portuguesa, repertórios e discursos (1972 - 1975), breves considerações, por Soraia Simões — Mural Sonoro






MAOÍSMOS E CULTURA POPULAR, EXPERIÊNCIA PORTUGUESA, REPERTÓRIOS E DISCURSOS (1972 - 1975), BREVES CONSIDERAÇÕES, POR SORAIA SIMÕES

INTRO
A partir das leituras existentes no plano historiográfico quer relativas ao primeiro rompimento pela esquerda do Partido Comunista Português (PCP), por via da divisão de linha maoísta que teve em Francisco Martins Rodrigues o principal protagonista, quer no que diz respeito à profusão de teses sustentadas por testemunhos de lideres dessas correntes neste contexto e das reconstituições deste passado histórico procurou-se, com este artigo, reflectir sobre a importância dessas leituras na cultura popular e na música, que se foram combinando com a necessidade que a sociedade contemporânea teve de se ir redefinindo em função das marcas desse passado revolucionário cujas raízes ainda marcam a actualidade.

Recorrendo a bibliografia de enquadramento no âmbito historiográfico e história oral, resultado de conversas mantidas entre o ano de 2012 e 2015 com um conjunto de actores da música e da cultura populares, tomando como estudo de caso a obra cultural produzida neste período e as conversas mantidas com José Mário Branco, procurou-se aflorar uma parte deste extenso processo - que iniciou com a sua ligação à cultura, à política e à sociedade no período colonial, no contexto do seu exílio político em Paris, a partir de 30 de Abril de 1974 (data que marca a sua chegada do exílio a Portugal) e durante todo o Processo Revolucionário em Curso (PREC, 1975) -, de que modo as letras das suas canções no geral se foram inscrevendo nesse quadro de transformação e ritualizando num conjunto de determinações comportamentais de massas do campo ideológico.

Numa tentativa de compreensão desta micro-história (E.P.Thompson; 1981 - 1987) [1], ou micro análise histórica do campo social, que passou a ser não só a história de um conjunto generoso de organizações que nos anos seguintes à ditadura começaram, dentro da sua diversidade, a construir os seus imaginários de luta, como de um grupo de activistas e protagonistas da cultura popular que nesse cenário acenderiam perspectivas e expectativas quanto às lutas políticas inserindo-se em grupos políticos onde questões como o conflito da União Soviética, a tomada de partido pela China ou pela União Soviética, o problema dos resultados práticos da ditadura portuguesa e da guerra colonial pela Europa foram divulgados e denunciados quer sob a forma de textos musicados quer em manifestos.

Foram vários os opositores ao regime do Estado Novo que na esteira do seu período de maior contestação, com forte expressão no movimento estudantil académico (1961 – 1962), começaram a afastar-se da orientação do Partido Comunista Português e a aproximar-se das teses resultantes da Revolução Chinesa, aproximação essa para a qual muito contribuiu o conflito sino - soviético e, por conseguinte, o surgimento da Frente de Acção Popular (FAP/CMLP), primeira organização de base maoísta em Portugal.

O historiador Miguel Cardina, desligando-se da representação social grotesca [2] dominante a respeito dos grupos que mais influência exerceram nos anos de 1974 e de 1975 entre estas organizações, reflectiu no seu trabalho [3] em que medida o complexo maoísta ou marxista-leninista (m-l) operou e se representou no imaginário social português no recorte temporal que apontou para a sua investigação. Ao longo da sua narrativa histórica, Cardina procurou distanciar-se das limitações conservadas na memória social para a qual, ressalve-se, muito contribuiu a profusão de «teorias» e de caricaturas determinadas por uma composição discursiva e figurativa desadequada e tendenciosa no domínio interno, mas também circundante [4], destas correntes no período imediato ao 25 de Abril de 1974.

Este artigo, num universo de acção – e de reflexão crítica -, diferente do de Cardina, na medida em que incidiu num conjunto de ideias em torno da visibilidade que uma destas correntes assumiu na cultura popular, nos discursos e na prática da música de José Mário Branco em concreto, não deixou de principiar com um ponto de partida e/ou propósito coincidente com o estabelecido pelo historiador. Isto é, questionando o modo como quer a discussão política e social como as convicções de natureza ideológica inflectiram na obra discográfica do intérprete e compositor bem como em agrupamentos culturais, como o GAC [5] e o Teatro A Comuna, que integrou pretendeu reflectir sobre um período de lutas e de mudanças relevantes contribuindo de igual modo para a diluição de ‘lugares comuns’ criados no âmbito da criação e fruição musicais neste momento de transformação. Delimitou-se assim o plano de investigação tendo como sujeito principal José Mário Branco, o papel assumido pela sua obra discográfica em particular e os discursos daí resultantes, num quadro de pré queda do regime do Estado Novo.

Ao usar como ferramenta principal no trabalho de campo a história oral, num modelo indutivo e explanatório de entrevistas e numa recolha de dados biográficos exaustiva realizados ao longo de dois anos, que por sua vez dariam origem a um conjunto de debates [6] com enfoque na música no modelo histórico-social (perspectivada como encomenda social [7]), situou-o na atmosfera das discussões e dos debates que norteavam no geral as esquerdas em vários países do mundo e os encontros de discussão cultural e política que se realizavam em Portugal, primeiramente, e em França, na fase do exílio, entre um conjunto de participantes da cultura popular, onde José Mário Branco também esteve, e em particular nas circunstâncias em que se vivia no país.

A REVOLUÇÃO CULTURAL NA CHINA DA DÉCADA DE 60 E O SEU IMPACTO ENTRE A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA POLITIZADA EM FRANÇA
As críticas ao modelo soviético começaram na década de 1950 e intensificar-se-iam na década de 1960. Ainda na década de 1950 quando o Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), Nikita Khrushchov (1953 – 1964), se começou a desligar da evocação à personalidade e ideais defendidos por Estaline (Era de Khurshchov, também chamada de Era de Desestalinização imposta após a morte de Stálin a 5 de Março de 1953 e marcada pela Guerra Fria) passando a ser um dos principais mentores da adopção do princípio da coexistência pacífica entre a URSS e os EUA, destacando-se ainda das suas acções políticas, entre outras, a criação do Pacto de Varsóvia em 1955, o afastamento da China liderada por Mao Tsé Tung das relações com a URSS (tendo como motivo a manutenção da sua convivência com os EUA) rejeitando a ajuda ao programa nuclear chinês ou a aprovação da construção do Muro de Berlim a 13 de Agosto do ano 1961 durante a sua administração, depois da rejeição do Oeste em aceitar o seu ultimatum para que Berlim Ocidental fizesse parte da restante cidade. Para o novo dirigente da URSS a via eleitoral passaria a substituir a via revolucionária. Apesar de tudo, a clivagem que se assinalou entre os dois blocos só aconteceria na década seguinte devendo-se tal facto, entre outros, sobretudo à censura que existia na imprensa.

No ano 1961 os partidos chinês e albanês seriam publicamente atacados e a separação entre ambos começou então a ser notada na opinião pública.

Os russos acusados de protagonizarem o «novo revisionismo» enalteceriam essa cisão que se alastraria a vários partidos comunistas a uma escala mundial. As mesmas separações expandiriam-se também ao Ocidente, especificamente a Portugal embora assumindo dimensões mais limitadas, na medida em que a tradição seguidista em relação ao Partido Comunista da URSS dominava ainda entre os grupos culturais de esquerda cá.

As organizações de esquerda que estavam já em gestação deveram grande parte da sua radicalização à campanha eleitoral realizada no ano 1958, quando Humberto Delgado concorria com Américo Tomaz à Presidência da República. Ao corporizar o principal movimento de tentativa de derrube do regime salazarista por via de eleições, num processo classificado de «fraudulento», no contexto do qual entre o movimento popular lhe atribuiriam o ‘cognome’ «General sem Medo», acender-se-ia a revolta e a frustração na sociedade portuguesa que entrava na década de 60. Década marcada pelo início da Guerra Colonial e pelo surgimento dos movimentos maoístas um pouco por todo o mundo.

O Partido Comunista Português confrontava-se, nessa altura, com várias acusações de revisionismo e com o controlo mais apertado por parte da PIDE. Ao mesmo tempo avançava-se na China para uma tentativa de teorização da análise social do processo de construção do socialismo, constatando-se que a luta de classes permanecera durante o período da construção do socialismo nesse longo processo histórico, o que motivou a exibição dessa luta entre as várias posições, exposição essa que veio a acordar a Revolução Cultural neste país.

Os interesses de classes diferentes que existiam no interior dos partidos comunistas e que estiveram na génese da Revolução Cultural foram resultado de uma luta pelo poder de Mao Tsé Tung (ou Mao Zedong), levada a cabo dentro do Partido Comunista Chinês, mobilizando para o efeito as massas camponesas e operárias para integrar esse movimento revolucionário.

A existência de uma burguesia dentro do partido, que não se dissiparia com a Revolução Chinesa, acabaria por ajudar à construção de uma teoria segundo a qual coexistiram duas linhas dentro do mesmo: uma de índole revolucionária e outra de índole contra-revolucionária, onde se situava uma franja dessa burguesia. A idolatria a Mao Tsé Tung e o enorme movimento de massas que teve em Mao Tsé Tung figura tutelar expandir-se-ia internacionalmente e o seu impacto entre um conjunto de protagonistas da música e da cultura populares atentos à discussão política, até aí afectos ao Partido Comunista Português, começou a sentir-se.

Com a experiência trazida por José Mário Branco do seu primeiro fonograma, de expressão declaradamente anti-colonialista, produzido durante o seu exílio de 13 anos em Paris, «A Ronda do Soldadinho», e a radicalidade que enformara mais tarde a própria existência do GAC (Grupo de Acção Cultural) e que consolidaria na chegada a Portugal, a 30 de Abril de 1974, começava a assumir-se entre ele e um grupo de jovens, que faziam parte das suas relações e eram figuras habituais das suas actuações em fábricas ocupadas e associações em Paris, uma vontade de romper com o modelo de discussão política anterior, «(...) estavam uma série de pessoas que em Paris assumiam uma atitude mais ou menos parecida com a minha, que era de ruptura com o sistema. E portanto quando se chega a Portugal e o GAC depois ganha a configuração que ganha, primeiro foi uma grande misturada, nem se chamava Vozes na Luta era só Grupo de Acção Cultural, e depois esse grupo mais ou menos amorfo dividiu-se em vários, mais ou menos em função das diferenças políticas que havia na esquerda portuguesa. Há uns que foram para o PC e fizeram um grupinho ligado ao PC, outros que eram da LUAR e fizeram um grupinho ligado à LUAR, para onde foi o Zeca Afonso e o Sérgio (Godinho), etc. Nesse primeiro GAC digamos que claramente maoísta, e definido como de extrema-esquerda maoísta estava eu (...). O GAC não nasce digamos por uma iluminação repentina no 25 de Abril, em Paris no ano anterior ao 25 de Abril já estava em gestação um grupo cuja ideia era precisamente isso: fazer música, e não só. Fazer música proibida, música ilegal, música de resistência, música subterrânea. Eu tinha tido uma cooperativa em que participei com amigos franceses chamada Organum já mais experiências de auto-edição de coisas marginais, completamente marginais, e que eram financiadas fora do sistema (...)» referia o músico numa das várias conversas que mantivemos e registei.

Uma parte deste extenso processo, que iniciava com a sua ligação à cultura, à política e à sociedade no período colonial, no contexto do seu exílio político, no PREC e no pós PREC já em Portugal foi relatada no corpo das suas canções, reflectiu-se de um modo directo na sua obra discográfica entre os anos assinalados, assumindo-se a canção muitas das vezes como um modelo de discussão de fácil apreensão e circulação entre as camadas populares politizadas que surgiram neste período e pré-financiaram as suas obras.

«É em França que, por um lado num primeiro período a minha única actividade para além da sobrevivência é participar em lutas políticas, em grupos políticos, cujo objectivo era ao mesmo tempo a discussão sobre o que fazer em relação a Portugal: luta armada ou não luta armada contra a ditadura portuguesa, conflito da União Soviética, tomar partido pela China ou partido pela União Soviética, e a questão da divulgação e da denúncia da ditadura portuguesa e da guerra colonial pela Europa fora. No princípio dos anos 70, cerca de dez anos depois, Paris era a segunda cidade de Portugal, só em França éramos oitenta mil desertores e refratários para um país de nove/dez milhões de habitantes (...)».

As mudanças operadas no comportamento geral da emigração portuguesa durante o período da Guerra Colonial contribuiriam para a introdução de alternativas de luta, algumas já atentas ao modelo de discussão que aqui emergia e se ia materializando em organizações, outras de curta existência como foi o caso do Movimento de Acção Revolucionária (MAR) criado na sequência da crise académica de 1962 e apontado como uma das referências da esquerda socialista radical [8].

A emigração portuguesa em França, à semelhança da emigração no Benelux, em Inglaterra, na Alemanha, na Suíça ou nos países escandinavos, que até aí fora uma emigração quase exclusivamente da pobreza, uma emigração económica (emigração que no cinema seria também retratada pelo realizador Christian de Chalonge no filme de ficção O Salto, de 1967, filme que contaria com a música de outro exilado em França nesse período: Luís Cilia) passou neste período histórico (1961 – 1974) a ser, com a ida de dezenas de milhares de jovens universitários contra a guerra, uma emigração política e sobretudo cultural e intelectual. O facto de muitos destes jovens se começarem a integrar nas associações que até aí serviam grosso modo os agrupamentos folclóricos e as festas religiosas da emigração, fez com que se desse uma politização não de todas mas de grande parte dessas associações de emigrantes portugueses que começavam, por isso, a abandonar o modelo tradicionalista associativo durante a sua estadia em Paris.

«Aqueles que como nós a partir de certa altura, este plural é eu, o Luís Cilia que também vivia em Paris, o Tino Flores que também vivia em Paris, o Sérgio (Godinho) que começou a viver em Paris a partir de 1967 que cantávamos canções ou que denunciavam ou que abriam novas fronteiras, digamos assim, para a comunidade não tínhamos descanso. Andávamos sempre a cantar pela Europa toda, a Europa do norte sobretudo, sempre a cantar para associações. O disco A Ronda do Soldadinho é resultado disso, foi um disco feito propositadamente na ilegalidade, aproveitou da experiência que eu tinha ganho já a produzir discos, a arranjar, a fazer colaborações, e foi financiado com pré-compras do movimento associativo» relembrou José Mário Branco numa das conversas gravadas, permitindo através da partilha da sua memória reforçar a relevância que o exílio tivera na perspectiva crítica que muitos, oriundos do Partido Comunista Português (PCP), passaram a assumir dentro do partido, que Cardina assinalaria numa passagem do seu trabalho através do relato gravado de Rui D’Espiney (pp 41 – 43), «Em Paris, as pessoas que para lá tinham fugido reentram no PC, mas com uma perspectiva crítica. Aí, numa reunião, encontram um funcionário a quem voltam a fazer críticas. O funcionário assume as dores do partido, o Manuel Claro ficou desanimado, mas nessa noite batem-lhe à porta e é esse funcionário que lhe vem dizer: ‘o que vocês dizem está certo mas há muito mais para dizer’. Era o Francisco Martins Rodrigues» [9].

http://www.muralsonoro.com/mural-sonoro-blog/2016/7/4/maosmos-e-cultura-popular-experincia-portuguesa-repertrios-e-discursos-a-partir-da-obra-de-jos-mrio-branco-1972-1975-por-soraia-simes

domingo, 11 de junio de 2017

"No es nada sencillo ser la hija de un comandante guerrillero" — Astorga Redacción. Periódico digital de Astorga, Teleno, Tuerto y Órbigo

"No es nada sencillo ser la hija de un comandante guerrillero" — Astorga Redacción. Periódico digital de Astorga, Teleno, Tuerto y Órbigo





'Pizarro' es un documental acerca de la carga de la herencia familiar. Comienza cuando María José Pizarro, hija del fundador del M-19 de Colombia, en el exilio encuentra una carta escrita por su padre 30 años atrás Se da cuenta que no importa lo lejos que corra, no podrá escapar de su fantasma. Veinte años después del asesinato de su padre, ella está dispuesta para levantar el velo y descubrir un capítulo de la historia de Colombia que ha sido silenciado por la violencia y el miedo.
[Img #30041]


La herencia genética de María José Pizarro no deja lugar a dudas, hija de Carlos Pizarro Leongómez, fundador de M-19 (o movimiento de un día 19 –fecha en la que se creó-), decidió oponerse a la vía armada de la guerrilla tradicional para firmar un acuerdo de paz con el gobierno veintisiete años antes del acuerdo definitivo de paz que ahora todos conocemos.

Hablamos con María José Pizarro de sus múltiples facetas como artista plástica, superviviente y activista en la defensa de los derechos humanos y en la construcción de la paz. Experta en el trabajo con organizaciones de víctimas, organizaciones sociales e instituciones públicas, en procesos de recuperación y construcción de la memoria histórica desde una perspectiva participativa, actualmente es directora de la Fundación Carlos Pizarro Leongómez y coordinadora de Participación de Víctimas de la Agenda Exilio del Centro Nacional de Memoria Histórica.

También pudimos conocer al realizador, de equidistantes inquietudes a la de su musa, Simón Hernández, productor y montador de su propios filmes, a veces ante la negativa de las grandes corporaciones a producir su obra, con una amplia experiencia en el documental. Director del Festival Inedit Colombia, ha trabajado en la BBC, Canal ARTE, CNN, DFI, TVE, TVC, Caracol y Señal Colombia. Además de los numerosos premios otorgados con PIZARRO como director, también ha sido partícipe en galardonados filmes como I will be murdered (Barcelona, Reino Unido, 2013), Gabo, la magia de lo real (Bogotá. Barcelona, 2015) o el cortometraje Espíritus de Drassanes.


María José detenta una mirada intensa y enigmática. Desde el azabache profundo e inabarcable de sus ojos parece contener todas esas preguntas que se ha hecho en vida, en torno a su existencia, su pasado y todo aquello que representa en nuestra sociedad. Sin embargo a la hora de realizar ‘Pizarro’ y de plasmar sus reflexiones, ha optado por huir del panegírico y comenzar por las preguntas más incómodas, las que siempre se hizo al referirse a su progenitor: "¿Por qué después de devolver las armas y de la Amnistía General continúas en el conflicto? ¿Cuál era la intención de conformar una familia si tú no ibas a estar aquí, con nosotros?... "


[Img #30040]


María José declara cómo al principio todos podían creer que era un lujo ser la hija de Carlos Pizarro; no obstante, habiendo reconocido este privilegio en múltiples ocasiones, también afirma: “No es nada sencillo ser la hija de un comandante guerrillero que, aunque haya logrado la paz, es necesario emplazar la historia de otra forma para que se pueda aportar un enfoque adecuado, más completo, más humano; un análisis diferente a lo que implica por sí mismo el momento histórico. En términos personales permite sanear, adecuar, exponer de una manera más limpia, cercana y humana el hecho de ser su hija, lo que a su vez me ayuda a transitar de nuevo por su vida, más orgullosa y más digna... Tras un proceso de cinco años para recuperar mi identidad, ya que el de mi padre era un crimen que estaba a punto de prescribir, y después de llevar a cabo pruebas de ADN, me tuve que constituir como parte civil en el caso para investigar no sólo los sucesos que rodeaban su muerte, sino los propios sucesos en la historia reciente colombiana con un trabajo de quince años. Esto permite una respuesta mucho más emocional. He procurado hacer un trabajo muy exhaustivo, de hecho fue requerido el documental como parte de las pruebas procesales del caso, tiene todo el rigor y es un aporte más al esclarecimiento de su muerte y de la verdad de Colombia…”

Tampoco duda en compartir su sueño más íntimo:

“Siempre sueño que llego al campamento y me dicen: Carlos está vivo. Y entonces yo pienso: pero ¿cómo me pudo haber hecho esto? ¿Cómo es que lleva veinte años vivo y yo muriéndome por hablar con él, por preguntarle: ¿Por qué me han abandonado a mí?... Y cuando ya lo voy a ver me despierto… Es como un fantasma, como un aire que pasó…”


Sobre su autoexilio, o quizás exilio forzoso a Barcelona, no alberga la menor duda:

“Ya no había las condiciones de seguridad para quedarme en mi país. Me acuerdo que miraba al mapa y decía: estoy demasiado cerca, tengo que ir más lejos…  Yo quería irme a un lugar donde no me conociera nadie, donde no encontrara recuerdos de él en ninguna esquina, perderme en el mapa en sí… Y entonces decido exiliarme pues a Barcelona. Llevé sus pertenencias: sus zapatos de la campaña, su radio, su sombrero, sus mejores fotografías, recupero todas estas cosas dieciocho años después… En esta ciudad encontré la paz que necesitaba para poder conocerme a mí misma y entre más buscaba información más me fui dando cuenta de que él estaba dentro de mí…”

Sin embargo, el deseo de retornar, nunca cesó, y allí encontró sus más valiosos hallazgos:

“Llegó un momento en el que debía tomar la decisión de regresar a Colombia a reconstruir esta historia…  Me encuentro entonces con titulares como los que asociaban al M-19 con el robo de un gran arsenal del Ejército, que aún están sin identificar, tengo tres cintas de video con imágenes inéditas que resultan sorprendentes sobre la lucha contra la guerrilla en las montañas… Cuando soy plenamente consciente de mi identidad, del hecho de ser la hija del comandante o líder del M-19, empiezo a descubrir que mis ojos tal vez son sus ojos, me concentro en sus discursos… “Con respeto al pueblo lleno de necesidades, al pueblo en lucha y al pueblo en combate”…


[Img #30039]


“Tras visionar escenas de lucha y oposición observo otras en la que entregan las armas y se escucha… “El M-19 hace dejación de la última arma por la paz y la dignidad de Colombia…”

Toma entonces la trascendental decisión de acudir, 'in extremis', a los tribunales de Justicia:

“Me desplazo hacia la Comisión Colombiana de Juristas para trabajar en torno al caso de mi padre, revisando todos sus expedientes… Realizo una campaña en la que constato que me encuentro allí con la voluntad de que se cumpla lo que se prometió momentos después de su asesinato. Me solidarizo entonces con reivindicación de las víctimas y sus derechos…”

Su discurso reivindicativo posee la intensidad y elocuencia de los de su propio padre:

“El pasado 26 de abril se cumplieron 25 años de la muerte de mi padre…  Yo he venido de una lucha muy larga contra la impunidad que ha rodeado el caso. Para este aniversario pudimos realizar la película y emitirla en la televisión nacional y las reacciones fueron conmovedoras, gratificantes… Fue muy sorprendente la calidez del público hacia la película y la respuesta masiva del 26 de abril nos dice que es posible… Creemos que esta película puede llegar a todos los rincones de este país y que puede ser vista por todos los sectores sociales, llevarla por todos los pueblos donde se pueda mostrar y que esté presente en las salas de cine, con una adecuada distribución que llevaría más allá este mensaje de reconciliación, de paz hacia el mañana…”

El director, por su parte, afirma que “es una película documental que mezcla la visión personal y política de Carlos Pizarro, que apela más a la emoción, a comprender la historia de Colombia, con el testimonio de su hija. Más allá de la suma de hechos o verdades parciales que forma la comprensión de la Historia, ¿qué tal si comenzamos a entenderla a través de la emoción, si todos los muertos que ha habido en la guerra, comenzamos a entenderlos no como una cifra más sino con su verdadero valor?... Por eso la fórmula que hemos creado es acercarnos a la historia desde los ojos de la hija, sin el análisis frío de los desaparecidos o asesinados. Su padre no fue un líder de guerra sino un líder de paz.

Es un gesto de resistencia al olvido, a esto que está destinado a no ser hablado ni comentado, porque si en un momento nos mostramos escépticos a la hora de alcanzar una respuesta, que al menos quede constancia de que no nos hallamos parados en las preguntas, sino que queremos llegar siempre al final, esa es nuestra posición: encontrar el final del proceso a pesar de lo injusto. Se trata de una posición muy fuerte y digna.

No debemos olvidar nunca que Carlos Pizarro fue y es un icono de la guerra pero también de la paz,  un canto a la capacidad de transformación, a poder cambiar la propia historia…”.

Información sobre la película:

sábado, 28 de enero de 2017

ALVARO NOFUENTES, MANUELA TORRES (2012): "PAGANDO POR ELLO, DE CHESTER BROWN: ÉTICA PARA PUTEROS", Documento en Tebeosfera

ALVARO NOFUENTES, MANUELA TORRES (2012): "PAGANDO POR ELLO, DE CHESTER BROWN: ÉTICA PARA PUTEROS", Documento en Tebeosfera

PAGANDO POR ELLO, DE CHESTER BROWN: ÉTICA PARA PUTEROS
ALVARO NOFUENTESMANUELA TORRES

Resumen:
Notas: Artículo escrito expresamente para el número 9 de TEBEOSFERA, especial sobre el tratamiento de la mujer en el cómic. A la derecha, detalle de la portada de la edición original de Paying for it, tebeo comentado en este artículo.
PAGANDO POR ELLO, DE CHESTER BROWN: ÉTICA PARA PUTEROS
Pagando por ello: memorias en cómic de un putero (Paying for it: a comic-strip memoir about being a john en su edición original americana) es exactamente lo que su título indica, la narración de todas y cada una de las ocasiones en las que el autor canadiense Chester Brown pagó por sexo entre 1999 y 2003. Pero lejos de ofrecernos un ejercicio de exhibicionismo a la manera de otros autores que utilizan la autobiografía para ahondar en los aspectos más patéticos o escabrosos de sus vidas (su amigo Joe Matt es un excelente ejemplo), Brown utiliza su experiencia personal a modo de arma arrojadiza contra ese ente conocido como “sociedadbiempensante”. Así, este ensayo camuflado de autobiografía da voz a aquellos que son frecuentemente ninguneados en el eterno debate sobre la legalización de la prostitución –es decir, los directamente implicados–, los puteros, que no suelen expresarse en los medios puesto que ir de putas sigue siendo una actividad estigmatizada socialmente, y las prostitutas, que también hablan, aunque de forma indirecta, a través de las páginas dibujadas por Brown.
Chester Brown: un putero del siglo XXI
www.tebeosfera.com 
La narración de Brown sorprende por su sinceridad y honestidad. En las antípodas de toda esa mitología que la literatura, el cine y sobre todo las vanguardias artísticas del siglo XX han construido en torno a las relaciones entre hombres y prostitutas, el autor presenta con simplicidad y franqueza sus experiencias. En las crónicas de burdel de Brown no hay ni rastro de heroísmo o idealización –lo que es de agradecer–, hasta el punto de que podemos decir que no hay ni siquiera pasión. En su lugar hay una profunda reflexión y una lúcida consciencia del rol social que ocupa el sexo, mucho más allá de una mera cuestión de placer que pertenece al terreno de la intimidad.
La estructura del libro alterna los encuentros con putas (desde la primeriza y casi entrañable torpeza de su primera visita a “Carla” hasta la “vuelta a la monogamia” con “Denise”[1]) con las discusiones con exparejas y amigos sobre la prostitución. Los encuentros sexuales sirven al autor canadiense para ilustrar lo que supone ir de putas en Toronto, tanto en su sentido práctico (cuánto, cómo, dónde, bajo qué condiciones...) como en el puramente físico o en el afectivo. Respecto a esto último, el autor llegará a escribir, sobre su primera experiencia con el sexo de pago: «Mientras salía del burdel me sentía lleno de júbilo y transformado». Por otro lado, las conversaciones con amigos tienen una función clara dentro de la obra: representan, de forma casi alegórica, los prejuicios de la sociedad, guiada por hábitos adquiridos y lugares comunes, frente a los cuales Chester Brown construye su argumentación (el propio autor reconoce en los apéndices que estas conversaciones han sido ligeramente alteradas para que él siempre aparezca como “la voz de la razón”). El libro concluye con una serie de apéndices en prosa y notas bibliográficas de una cincuentena de páginas, que subrayan las pretensiones ensayísticas de este tebeo, y cuya función es precisar el posicionamiento ético y legal del autor con respecto al tema. 
El cómic de Brown no ofrece ni morbo ni excitación, en todo caso no como cabría esperar de las “memorias en cómic de un putero”, y en este sentido el libro puede decepcionar a algunos. Y es que no se trata de un relato erótico al uso: va mucho más allá; parecería incluso que Chester Brown huye de la idea de excitar al lector, empujándole hacia otros terrenos, como el de la reflexión sobre la propia vida sexual y afectiva. Salvo en contadas excepciones, se rehúyen los primeros planos de rostros y expresiones –para evitar, como Charles Hatfield ha señalado, una respuesta emocional directa– o genitales –que podrían desviar la atención del discurso y hacer que la obra se deslizase hacia el terreno de la pornografía[2]. El autor consigue representar el sexo de forma explícita, aunque desvinculado de su componente erótico. 
 www.tebeosfera.com
Esta mecánica de lo habitual es fruto del metódico registro de sus experiencias con prostitutas, con la intención bien estudiada de buscar un distanciamiento que propicie la reflexión del lector. El tono de Brown recuerda en cierta forma al de Virginie Despentes, que narra, entre otras, sus experiencias como prostituta en su libro Teoría King Kong(reeditado por Melusina en 2009); ambos son crudos, sin adornos, en primera persona y sin ambages, lejos del victimismo femenino y del heroísmo masculino que suelen impregnar las crónicas sobre el placer de pago. Todo esto se ve subrayado por un vocabulario gráfico deliberadamente austero: se utiliza un escaso repertorio de expresiones faciales –el ejemplo más claro es el rostro monocorde del autor– y una retórica postural muy limitada; además, la mayor parte de la obra está compuesta por planos medios o generales, y los mismos encuadres y perspectivas son utilizados de forma sistemática. La elección de Brown de utilizar una mise en page regular de dos viñetas por cuatro[3], cuya cadencia parece imitar el pulso de la vida, se adapta perfectamente a las pretensiones autobiográficas del autor, que transforma lo que en un principio parece ser un relato de lujuria en una rutinaria sucesión de encuentros sexuales. 
En lo que respecta a la representación gráfica de las prostitutas, Brown se encuentra con un problema difícil de abordar: ¿cómo escribir –y dibujar– una obra autobiográfica sobre la prostitución y preservar al mismo tiempo la intimidad de las trabajadoras sexuales? El autor opta por ocultar sus rasgos en todo momento, representándolas de espaldas, evitando encuadrar sus caras en la imagen u ocultando sus rostros con los bocadillos de texto, eludiendo además cualquier particularidad física que pueda llevar a identificar a sus compañeras de cama. La paradoja es evidente: por un lado pretende dar una visión naturalizada del trabajo de las prostitutas, y por otro –y precisamente como consecuencia de la estigmatización social de las mismas, que el autor pretende denunciar– se ve obligado a evitar cualquier rasgo identificativo que pueda comprometerlas. La consecuencia a nivel narrativo es que las prostitutas son representadas gráficamente de forma estandarizada, lo que dificulta la empatía con las mismas por parte del lector, hecho que, afortunadamente, se ve compensado por la naturalidad y sinceridad que transpiran los diálogos y situaciones.
 
Pensando en ello
www.tebeosfera.com 
Las cualidades ensayísticas de Pagando por ello lo convierten en una potente arma de debate. Chester Brown se dedica a desmontar de forma concienzuda los argumentos contra la descriminalización de la prostitución, basados en su mayoría en clichés, lanzados por sus amigos a lo largo de la obra o por personajes ficticios y reales, como Sheila Jeffreys, en los apéndices. Mediante este ejercicio de retórica, Brown consigue poner de manifiesto tanto los prejuicios sociales como la actitud paternalista de los que esgrimen argumentos contra la prostitución, muchas veces más preocupados por hacer encajar a todas las mujeres dentro de su estrecho marco ideológico (como es el caso de las feministas antiprostitución) o de cuestiones ligadas a la moral (como en el caso de la iglesia), que a los derechos de las trabajadoras sexuales. A nosotros nos cuesta ver en qué podría perjudicarles la descriminalización de su actividad profesional. Quizá llega el momento de escuchar a los directamente implicados, las trabajadoras y trabajadores del sexo y sus clientes y clientas, puesto que ya hemos visto a dónde nos ha llevado el debate mantenido hasta ahora por políticos, sociólogos, juristas y un largo etcétera. Pero si es raro encontrar una voz que hable desde donde lo hace Chester Brown, más raro aún es oír la voz en primera persona de las propias prostitutas. No porque no lo intenten, sino porque todavía siguen siendo voces despojadas de credibilidad, de autoridad, que no queremos oír si no es revestidas de la pátina del sufrimiento y la exclusión. Sin embargo, el relato de Brown desmiente y cuestiona tópicos como éste, que todavía impregnan la idea de la prostitución, como también lo es la supuesta sobreexposición de las putas a la violencia. Los argumentos del autor se apoyan en gran parte en los planteamientos políticos de las trabajadoras sexuales, del feminismo prosexo o de los grupos poliamorosos. Tal y como se viene reivindicando desde los años setenta, la prostitución en sí no es la causa de la violencia, el sexismo y la explotación de las mujeres; más bien al contrario. Ésta no deja de ser un reflejo de la sociedad y sus valores, lo que implica naturalmente un alto grado de machismo y abuso de poder, tal y como sucede en cualquier otro ámbito de la vida (la familia, el trabajo, la escuela, la pareja...). Dejando a un lado las cuestiones morales, nos parece que plantear la abolición de la prostitución equivaldría a reclamar la abolición de otras relaciones humanas y socioeconómicas, como podrían ser las que tienen lugar entre empresarios y trabajadores o, sin ir más lejos, el matrimonio. 
Por otra parte, como bien recuerda el autor, lamentablemente todavía es necesario insistir en un punto crucial: la diferencia entre prostitución y esclavitud sexual. Por más que nuestra sociedad siga considerando que ambas son sinónimo, no es lo mismo decidir a qué oficio dedicarse que tener la obligación de practicar sexo a cambio de dinero, ya sea por intermediación de redes criminales o por otras circunstancias. Cualquier profesión tendría que ser elegida, y nadie debería ser forzado a realizar ningún acto en contra de su voluntad. Éste es el verdadero problema, no la prostitución. Y la criminalización de las putas y de los puteros no hace sino empeorar la situación, mientras el silencio y el rechazo social perpetúan la precariedad y abonan el terreno para todo tipo de abusos. El silencio impuesto mediante el juicio moral, el rechazo y la marginación hace muy difícil la acción, y la realidad es que los gobiernos y las autoridades nunca han tenido en cuenta las condiciones de trabajo de las prostitutas, sus necesidades o su realidad a la hora de imponer leyes y sanciones.
 
El sexo de pago como opción de vida
 www.tebeosfera.com 
Pero Chester Brown no sólo construye argumentos a favor de la despenalización de la prostitución, sino que parte de su discurso va dirigido a atacar la monogamia posesiva y el concepto de amor romántico: este último punto ha resultado ser el más polémico y el más atacado por parte de la crítica norteamericana. El desencanto con respecto a las relaciones de pareja, debido principalmente a los vínculos de posesión y dependencia que se establecen frecuentemente en las mismas, lleva al autor a la soltería. La prostitución es para él tan sólo el modo de poder disfrutar de su situación sin tener que renunciar al sexo, puesto que, como el propio Brown reconoce, carece de las habilidades sociales suficientes como para conseguir sexo esporádico sin tener que pagar por él. Así que en la raíz de la obra se encuentra esta animadversión hacia el amor romántico y hacia la monogamia posesiva –que en un principio son sinónimos para el autor–. Creemos que se le debe reconocer a Chester Brown el mérito de poner de manifiesto la presión que ejerce nuestra sociedad, de forma más o menos velada, para que todos encajemos en un modelo prototípico de pareja, que casualmente es también sobre el que se estructura la sociedad capitalista y tardocapitalista. Un modelo que puede ser válido para algunos, pero frustrante para muchos otros. El autor de Pagando por ello manifiesta que los celos, estrechamente ligados a la noción de propiedad, son fomentados por el entorno cultural, invitando a la reflexión sobre lo natural y lo adquirido de nuestras conductas.
Por otra parte, Chester Brown confunde conceptos al mezclar de forma indiscriminada amor romántico y monogamia, obviando otros modelos de relación posibles aunque socialmente poco aceptados, como las relaciones abiertas –es su hermano Gordon el que introduce este tema de forma abrupta al final del cómic–. Que la alternativa ideal a la monogamia sea el sexo de pago nos parece bastante cuestionable, puesto que no entendemos la necesidad de mercantilizar la más importante fuente de placer “gratuito” de la que dispone el ser humano. Aun así, se trata de un modelo que resulta plenamente satisfactorio para el autor, así como para otras muchas personas, a las que no se debería tratar de imponer un modo de vida más acorde con lo que dicta la sociedad: tan ingenuo es pensar que la prostitución es apta para todo el mundo como pensar que el modelo convencional de pareja, la “monogamia en serie” propia de la sociedad occidental actual, puede proporcionar la felicidad a cualquiera. Cada persona debería tener libertad para experimentar un modo de vida acorde con sus deseos –tanto físicos como afectivos– y sus limitaciones.
Otro de los prejuicios que la narración de Chester Brown contribuye a desmentir es el desequilibrio psicológico de que supuestamente son víctimas las prostitutas, y que es atribuido también al putero, aunque en menor medida. Ser prostituta presupone que se debe odiar el trabajo que se realiza, y por extensión, a una misma. Sin embargo, no es ésta la imagen que transmiten las experiencias del autor, vividas siempre desde el respeto a la otra persona y en las que no podemos afirmar que el hecho de prostituirse cause en las mujeres ningún trauma psicológico en especial (dentro de lo que cabe en una sociedad cada vez más psicótica, angustiada y deprimida como la nuestra). A través de su libro, el autor viene a decir que las putas son simplemente personas. Mujeres muy diversas que realizan el trabajo de la prostitución con mejor o peor suerte; que se aburren, que disfrutan, que se sienten satisfechas o hastiadas, pero al fin y al cabo mujeres que negocian y toman sus propias decisiones, por obvia que parezca esta afirmación. Y es que plantearse la prostitución sin recurrir al victimismo ni a la marginación de quienes la ejercen parece inconcebible. En este sentido, Brown ilustra con su relato la idea de que no hay “una realidad de las putas”, sino situaciones y experiencias diferentes. Pensar que las prostitutas puedan –o deban– ser reducidas en su conjunto a una categoría uniforme es absurdo. Y lo peor de este reduccionismo es que el prototipo de la puta explotada e infeliz pretende englobarlas a todas. 
Volviendo a Virginie Despentes, en su libro nos recuerda la facilidad con que, desde una ópticabiempensante, emergen el paternalismo y los prejuicios. Los relatos como el suyo –se da cuenta de que es posible ganar mucho más dinero como prostituta autogestionada que trabajando de cajera en un centro comercial, con una jornada laboral muy reducida que le permite tener tiempo libre y una calidad de vida considerable– tienden a ser especialmente ignorados, infravalorados y deslegitimados. Parece que sólo queremos oír lo desgraciadas que son todas las putas, y cualquier otro discurso es simple y llanamente silenciado. Como explica con lucidez e ironía la activista Itziar Ziga en su artículo “¿Por qué gritamos las putas?” (Revista Zehar, nº 64, 2008, pp. 118-123), esta actitud no hace otra cosa que incapacitar a las prostitutas, impidiéndoles construir su propio discurso, que nunca es escuchado porque desde la posición de víctima que les estamos adjudicado no es posible hacerse oír. En el artículo, Itziar Ziga narra cómo Cristina, una prostituta, es invitada a un programa de televisión, y cómo se ve empujada a gritar para lograr ser oída, al verse silenciada frente a los “expertos” que están hablando de ella y de su realidad sin conocerla. El pretexto de estos “expertos” no es otro que la falta de representatividad de Cristina, que ni está descontenta con su elección, ni manifiesta signos de trastorno psicológico, ni desea dejar su oficio. Como el libro de Brown ilustra, las putas realizan sus elecciones y negocian, no son marionetas al servicio de las necesidades sexuales de los hombres. Y ésta parece una idea terrible para la sociedad, que una mujer pueda decidir ser puta y llevar una vida plena y feliz. Quizá porque amenaza nuestro concepto de pareja, de placer sexual; nuestra noción de amor y afectividad, con sus celos y su exclusividad...
www.tebeosfera.com
Por todo ello el cómic de Chester Brown se hace importante y necesario, lejos de dogmatismos huecos y de toda condena moral hacia las putas y los puteros, mediante el simple sentido común y la reflexión sobre los propios deseos y vivencias. La elección de la forma de amar, de experimentar el sexo, de relacionarse afectivamente con los demás, es una decisión personal que atañe únicamente a los adultos que en ella intervienen. Sin pretender sustituir una fórmula por otra, la voz de Brown viene a recordarnos que el espectro de posibilidades es mucho más amplio de lo que pensamos, a pesar de la presión social que suele traer consigo toda elección que escape a la norma. El autor ilustra una forma, su forma, de vivir la vida, el sexo y el afecto, con unos valores que él mismo ha ido elaborando y repensando, flexibles y que responden a un gran conocimiento de sí mismo.
Cabe destacar también cómo Chester Brown se esfuerza mucho en ofrecer una imagen de “buen putero”, lo que resulta muy didáctico; en cambio, nos molesta esa distinción entre determinadas prácticas sexuales que él considera “normales” y otras que serían “pervertidas”. Aunque tal vez el aspecto más discutible de Pagando por ello sea, como ha destacado Naomi Fry, el vínculo que establece el autor entre democracia y capitalismo, como si una cosa fuese indisociable de la otra[4]Partiendo de los postulados del partido libertario al que pertenece, Brown defiende la prostitución en términos de individualismo y propiedad privada, de intercambio de bienes. Así, en la sociedad utópica que propone –distópica, dirían algunos–, pagar por sexo sería normal y frecuente, puesto que el hecho de que el dinero intervenga en las actividades humanas es para él lo más deseable para preservar el equilibrio social (“el sexo es siempre un intercambio” llegará a decir el autor). Esta visión del cuerpo como propiedad privada “de la misma forma que posees tu ropa o tus libros”, este individualismo extremo, que parte de la base de que el capitalismo liberal es el modelo económico más justo y deseable, puede llevar a que cada individuo disponga de tanta libertad sexual como pueda comprar, limitando las opciones en lugar de multiplicarlas. También nos parece muy cuestionable la idea de que el sexo es sagrado y que por ello debe ser comercializado, al tratarse prácticamente de un derecho al que cualquiera debe tener acceso. Este argumento resulta cuanto menos sorprendente, después de haber dedicando más de doscientas páginas a desacralizar el sexo, la pareja y el amor. En general, sus aclaraciones se agradecen y son bienvenidas, pero el autor llega a perderse en una marea de argumentaciones y datos, con los que más bien parece querer justificar su elección. Pero en su conjunto es un cómic cuya existencia celebramos, principalmente por su valor didáctico, nada desdeñable, sobre todo en un contexto en el que la creciente moralización y lo políticamente correcto nublan con demasiada frecuencia el sano ejercicio de la reflexión.

NOTAS:

[1]   Escribimos, al igual que Brown, los nombres de las prostitutas entre comillas para subrayar el hecho de que se trata de nombres ficticios elegidos por el autor.
[2]   Ver Charles Hatfield, “When reasonableness fails”, artículo consultado el 10 de febrero de 2012.http://thepanelists.org/2011/06/autobio-comics-bookshelf-when-reasonableness-fails/
[3] Benoît Peeters define la mise en page régulière como aquella que presenta una estructura de página en la cual todas las viñetas tienen la misma forma y tamaño. En Case, planche, récit: lire la bande dessinée, París: Casterman, 1998, p.42.
[4]   Ver Naomi Fry, “Paying for it: Rewiev” en la edición en línea de The Comics Journal.http://www.tcj.com/reviews/paying-for-it/





domingo, 15 de enero de 2017

EL “AMERICAN DREAM” SE FUE P’AL CARAJO: LLEGA EL “SUEÑO CHINO”

EL “AMERICAN DREAM” SE FUE P’AL CARAJO: LLEGA EL “SUEÑO CHINO” | EL BLOG DE CARLOS



Hace solo tres años, la sesión habitual de la Asamblea Popular Nacional (APN) de China se clausuró ese 2013 con la promesa del “sueño chino” para los 1.300 millones de ciudadanos del país.

BAJO EL MANDATO DE OBAMA, EL AMERICAN DREAM SE FUE A LA MIERDA, PERO CON TRUMP LA CAÍDA SERÁ DEFINITIVA

BAJO EL MANDATO DE OBAMA, EL AMERICAN DREAM SE FUE A LA MIERDA Y CON TRUMP LA CAÍDA AL ABISMO SERÁ DEFINITIVA

Hoy, aún con el ligero frenazo que vive la economía del gigante asiático, ligado a los estertores de la crisis occidental, un eslogan trasciende las fronteras nacionales debido al gran significado que tiene para todo el mundo: el american dream se fue al carajo, para dar paso al “Chinese Dream”.

El “Sueño Chino”, anunciado por el presidente Xi Jinping (que ya prepara su primer viaje al Forum Económico Global de Davos), busca construir una sociedad modestamente acomodada y materializar el rejuvenecimiento de la nación, mediante el crecimiento sostenible, a través de la profundización de las reformas y la transformación del modelo de crecimiento.

cf6cba6e-7894-11e6-aba3-c12eb464ff87_1280x720

Es el sueño de la fortaleza y la prosperidad nacionales y la felicidad del pueblo.



Kwame Owino, director ejecutivo del Instituto de Asuntos Económicos de Kenia, afirmó entonces que el “sueño chino” prioriza la mejora de la vida del pueblo y constituye un nuevo modelo de desarrollo del que vale la pena aprender.

Yao Huan, experto sobre el Partido Comunista de China (PCCh), calificaba al “China Dream” como “estimulante”, pues inspira al pueblo chino a conseguir el rejuvenecimiento nacional.

The Diplomat, revista de actualidad sobre la región Asia-Pacífico con sede en Japón, se hizo eco de tal punto de vista al describir ese objetivo como una tarea colectiva.

Jean-Pierre Raffarin, ex primer ministro de Francia, también refirió que el “‘sueño chino’ encarna “el equilibrio entre la felicidad individual y la colectiva“.

La nueva dirección de China prometió duplicar el Producto Interno Bruto (PIB) per cápita y los ingresos personales para 2020, en comparación con las cifras de 2010, así como situar la meta del crecimiento anual en el 7,5 por ciento para los próximos años.

Esa meta de crecimiento económico ha recibido una amplia aceptación por parte de la comunidad económica internacional.

La revista The Wall Street Journal calificó dicha meta de “moderada”, mientras que el diario japonés Nihon Keizai Shimbun destacó que el gobierno chino busca un crecimiento estable de “alta calidad” para mejorar las condiciones de vida del pueblo.

EL SUEÑO CHINO NO SE BASA EN EL LOGRO PERSONAL SINO COLECTIVO

EL SUEÑO CHINO NO SE BASA EN EL LOGRO PERSONAL SINO COLECTIVO

John Dearie, vicepresidente ejecutivo encargado de la política del Financial Services Forum en Washington, subrayó que el crecimiento económico de China, guiado por el consumo, incrementará el mercado para las mercancías y los servicios de Estados Unidos.

Stephen Orlins, presidente del Comité Nacional para las Relaciones EEUU-China, también predijo que la transformación del modelo de crecimiento económico y la mejora de los sistemas de seguridad social, reducirán el desequilibrio comercial de China con Estados Unidos y Europa.

Selom Klassou, primer vicepresidente de la Asamblea Nacional de Togo, comparó a China con una “locomotora” que libera a otros países de la crisis financiera mundial.

El ex canciller alemán Gerhard Schroeder reconoció que China ha adoptado políticas exteriores muy responsables para mantener un ambiente estable para su desarrollo, que conducen también a la estabilidad global.

La agencia de noticias rusa Interfax señaló que las políticas exteriores de China han promovido la paz y la estabilidad globales.

El presidente Xi reiteraba la política de desarrollo pacífico de China, destacando las oportunidades que podría tener el mundo con el imparable progreso de China.

Pero a diferencia del vetusto y acabado “american dream”, basado en la injusticia social, el expolio global, la financiación del terrorismo, las invasiones y la guerra, el “sueño chino” es “un sueño de armonía, paz y desarrollo”.

Nada más y nada menos.

CHINA, CON 1.300 MILLONES DE HABITANTES, LUCHA ACTUALMENTE PARA ACABAR CON LA POBREZA DE 100 MILLONES DE CIUDADANOS, MENOS DEL 10% DE SU POBLACIÓN

CHINA, CON 1.300 MILLONES DE HABITANTES, LUCHA ACTUALMENTE PARA SACAR DE LA POBREZA A 100 MILLONES DE CIUDADANOS, MENOS DEL 10% DE SU POBLACIÓN, MIENTRAS EE.UU., CON 320 MILLONES, SE MUESTRA INDIFERENTE ANTE LO 50 MILLONES DE POBRES QUE  MALVIVEN EN SU TERRITORIO (EL 16%)

NOTA.- Para comprender mejor la debacle estadounidense, recuerdo a los lectores/as que, egún un informe reciente del Center for American Progress , un tercio de las familias estadounidenses lideradas por una madre soltera es pobre.

La desigualdad también se mide en el porcentaje de ciudadanos que viven en la pobreza y que en muchos estados supera el 15% de la población.

Esta proporción aumenta sin embargo al 25% de los hispanos y al 27% de los afroamericanos, muy por encima del resto de habitantes caucásicos.

Destacar igualmente que el 21% de los menores estadounidenses vive en condiciones de pobreza, según la OCDE, un porcentaje solo superior al de Turquía, Rumanía, México e Israel.

Otra de las lacras que golpea el american dream se centra en un informe realizado por una una investigadora de la Universidad de Harvard , donde se señala que un 37% de los jóvenes afroamericanos, comprendidos entre los 20 y 34 años y que no terminó el instituto, se encuentra en la cárcel.  Este porcentaje se ha triplicado además desde la década de 1980.

Por último, dejo un interesante un interesante mapa interactivo  en el que se comprueban datos sobre los índices de pobreza en el imperio, estado por estado.

corporatocracy-160-1-480440